Estendidos longamente
Buscando abraçar
Corpos esguios
Tentativa nobre
De apoio aos fracos
Vã esperança
De espalhar a paz.
De amor poético
Pureza frágil
Luz esmaecida
Malhas coloridas
De prisão tão doce
Transformada amargura
Ao gosto de pecado
Na busca incessante
Do néctar precioso
Da provocante flor...
Que macula a rosa
Sem prazer pagão
Mas, para acender a chama
De crença ao amor!...
Luz de pirilampo
Misteriosa, sem explicação
Dúvida pálida
Ao correr do tempo
Colorido falso da ilusão
Meiga bondade
Tristeza da solidão
Viajante sem destino
Fuga da decepção
Miragem, realidade
Virtude, perdição
Passadas largas em caminhos estreito
Ternura, carinho, força
Leveza de sedução
Ventura, fatalidade
Luxuria, pudor, castidade
Traços de dor, alegria
Coragem, medo, ousadia
Sussurro de doces segredos...
Selvagem fogoso sangue
Sou arvore frutificante
Melodia, perfume, canção
Poema, vinho, sorriso
Bonança e tempestade,
Sou luz e realidade!
(Orlando Ribeiro de Andrade)