quinta-feira, 26 de setembro de 2013




Esse calor e essa agonia
que corrói
não sei o que mais dói
se a pele em total ebulição
ou se esse vulcão que por vezes nego.
Ah, esse desapego que não chega
e essa centelha que vigio.
Estamos mesmo por um único fio!
Enquanto o suor escorre
teu sussuro
labaredas rodeando
nosso mundo...

              (Tâmara Rossene)

P.S. Foto de Mariana Bomfim, em seu tumblr - http://misasmausoleum.tumblr.com/


E essa coisa de "sociedade da informação" vem me incomodando...tenho impressão que foi lançada uma maldição sobre nós, mais ou menos assim: terás acesso a todo o tipo de conteúdo, a informações dos quatro cantos do mundo, mas para teu tormento, não saberás o que fazer com elas. Que nível de utilidade você atribuiria  as informações que acessa diariamente? o que faz com toda essa gama de informação? há uma parte dela que retorna em prol do seu bem estar ou da coletivividade? me fiz essas perguntas, recentemente. Tive que admitir que perco horas a cata de informações inúteis. Difícil é me livrar delas! por isso acredito veementemente nessa maldição. Estou agora buscando estratégias, para conseguir fugir das suas garras...

quarta-feira, 18 de setembro de 2013


Na minha breve passagem pelo Velho mundo, a memória de tudo aquilo que li e ouvi sobre a história de antigas civilizações, preservada sob meus olhos e nas lições minunciosas dos guias que nos acompanharam, me trouxe a reflexão de como guardamos pouco sobre a história que nos ronda, nas bandas do lado de cá...de nossas árvores genealógicas, sabemos talvez um pouco além da história dos nossos bisavós. Quem foram os nossos antepassados, as famílias que nos antecederam? os nomes dos coronéis, dos fazendeiros, dos primeiros habitantes dessa terra? noutro dia me supreendi com alguém que perguntou porque em toda a Bahia era feriado no Dois de Julho e uns três que estavam próximos repetiram a pergunta. Certa feita me contaram que há certo tempo, na Igreja Nossa Senhora da Guia, encontraram debaixo do antigo piso em reforma, lápides de moradores antigos de Ibotirama e que o Prefeito da época mandou colocar um piso novo em cima. Essa cultura de lançar cimento sobre os vestígios, sobre as ruinas da história que nos pertence não é apenas "privilégio" nosso... O que existia antes do "descobrimento" do Brasil não é considerado de relevância. As urnas da Piragiba, aqui no Muquém do São Francisco, perecem sem o devido valor, tanto quanto em outros lugares. O ciclo da mineração na Chapada Diamantina, apesar de quase aqui do nosso lado é parte desconhecida da história, para a maioria de nós. A história praticamente intacta nos mosaicos, nas imagens, nas pinturas, me trouxeram por alguns minutos de volta pros lados de cá. Bebendo da água da fonte de dois mil anos e pensando em quanto tempo ainda restará preservado, o que escorre da fonte do Velho Chico...

P.S. Na foto, a inscrição em latim "eu vi a água, saindo do templo, do lado direito". Tirada por Mariana, Vaticano, Roma, Itália.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013



Quero beber da fonte inesgotável
dos sentidos
que se oferecem nos caminhos infindos
entre o velho e o novo mundo.
Quero o toque profundo da memória
a me perturbar
a ampulheta que se esvai
enquanto cá estou 
girando entre pontos colaterais...

(Tâmara Rossene)

P.S. Na foto, com João Marcelo, na Piazza Santa Maria Del Popolo, em Roma, Itália.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Alguns amigos acreditam que houve um retrocesso no meu retorno ao interior. Capital é sinônimo de “acesso” e progresso... sinto falta de algumas opções de lazer, das livrarias, de algumas paisagens. Mas sempre que estou por aqui, utilizo os pratos da balança para avaliar... Nada se compara ao tempo que ganhei, chegando em 5 minutos a minha casa, após um dia de labuta e tendo quase que na totalidade as minhas duas horas de almoço. O meu quintal e o meu olhar sobre a mangueira que floresce em julho. A rede que observo se mexer da janela e da qual eu posso ver as estrelas. A minha visão, ao contrário do que acham alguns, se expandiu... antes eu sonhava numa carreira executiva em alguma multinacional. Era a minha fórmula mágica da felicidade! E eu estava a serviço desse mundo! Agora acho esse mudinho sobre o qual me debruçava, desse tamanhinho... não há como fugir a essa lógica do capital, mas hoje tenho calma para observar essa corrida desenfreada e para selecionar as minhas escolhas. Mas adoro essa ponte entre a metrópole e a pequena cidade... são os pêndulos sobre os quais me movo...

P.S. Na foto, a família (que ganha novos contornos no interior, reunida no quintal de Cristina)