domingo, 11 de março de 2012

Acho que gosto dessa coisa de fazer projeto, porque é sempre um novo começo. Pensar, descartar idéias, colecioná-las, orçar, imaginar se o formato cabe no lugar, no tempo e no espaço... Gosto principalmente de viajar no nome. Não consigo avançar enquanto não nomeio a idéia. Na maioria deles, tenho que me apaixonar pela concepção. O Projeto Redemoinho foi assim... Pensar na Cultura Popular girando como os ventos que outrora destelhavam as casas e jogavam poeira em nossos rostos, os redemoinhos aqui das bandas do Velho Chico... Resgatar e recriar...Ontem o Projeto esteve no Muquém do São Francisco e fiquei um tempo apreciando os bastidores fervilhando. Cerca de vinte pessoas (a maioria adolescentes) se mexendo prá montar o espetáculo. Uma grande vitória poder remunerar quem gosta de fazer arte! A participação de grupos populares (a maioria de idosos), é outra grande conquista! E o povo fazendo número na platéia, sorrindo, participando...Superando aquilo que foi formatado no papel. Um presente prá essa mera "artesã" de projetos que vos escreve...
Abaixo, fotos por Mariana Bomfim, dos bastidores e do espetáculo. Atentem para a Mulher de sete metros...




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sexta-feira, 9 de março de 2012

Me lembrei que certa vez estive ali pelas redondezas do Cantinho, visitando a casa de um dos moradores da localidade. Observei que a casa de aparência simples, não tinha banheiro e perguntei ao seu dono, onde os moradores da residência faziam as suas necessidades fisiológicas. Ele apontou um matinho próximo, em resposta a minha pergunta. Ao entrar em seus aposentos, observei uma televisão de grandes proporções e ao olhar para o quintal, uma antena parabólica que contrastava com as quase ruínas do casebre. Ainda intigrada com a ausência do banheiro, virei-me para o Senhor e utilizei todos os meus argumentos e conhecimentos básicos sobre higiene, para tentar convencê-lo da prioridade que ele deveria dar ao reservado para as necessidades dele e dos seus familiares. Ele continuou irredutível e eu indaguei: - Por que o Senhor não vende a antena e a TV e não constrói o banheiro? Ele se virou e me veio prontamente com a resposta: - E eu vou luxar de que?
Me mantive em silêncio e aquela pergunta ficou por muito tempo martelando o meu juízo. Fiquei pensando se poderia eu julgá-lo. Como ele, muitos mais esclarecidos e com acessibilidade a outros meios, preferem outros luxos, ainda que envoltos em camadas de purpurinha que se soltarão pelo caminho. Muitos bem mais abastados preferem por exemplo, investir no que é fútil, em detrimento da educação. O tal Senhor, talvez por pura ignorância, ou talvez por acreditar necessário mesmo, prefere continuar usando a moita, a abrir mão da talvez única parcela de lazer que lhe é permitido ter. O único luxo... Muitos são os que podem se dar ao luxo desmesuradamente e ainda assim, optam pelo que está detrás da moita daquele Senhor... E você que me lê nesse momento,
do que anda luxando?