domingo, 30 de agosto de 2015

Depois da aula da última sexta, fiquei divagando sobre as marcas da violência que carregamos. Não as marcas físicas, mas as que se inscrevem em nosso ser e respondem por determinados comportamentos que assumimos, muitas vezes de forma inconsciente. Uma palavra dita por alguém próximo, os discursos ditados pelas instituições das quais fazemos parte e a obrigatoriedade de reproduzi-los, os relacionamentos abusivos, os moldes da família, da escola, os julgamento indevidos, os padrões pré definidos. Eu consigo descrever algumas ocorridas em tempos remotos, de forma muito clara. E as vezes identifico reações desnecessárias no presente, a menos que eu faça conexões com marcas de outras épocas. Umas que trouxeram consequências danosas, outras mais superficiais. Outras ainda que já são cicatrizes, mas que em determinados momentos provocam dor... Identificar as marcas causadas no outro é um exercício muito mais complexo e talvez mais doloroso. Porque aí temos que nos admitir falhos, tolos, entregues a nossa pequenez e as vezes cruéis. Mas o cotidiano, a lei da sobrevivência, o bom senso (será?), muito a nossa volta se esforça para negar essas impressões. Talvez seja necessário tomar distância de si para enxergá-las. Mas... quanto de nós quer promover esse encontro?

quarta-feira, 12 de agosto de 2015



Eu sinto falta dos começos
do frescor dos enredos
de quando tudo 
é só descoberta
de quando toda palavra é ainda
incerta.
Eu sinto falta dos começos
sem mágoas
sem vícios
sem o corroer cotidiano.
Eu sinto falta
porque todo começo
é um oceano...
             
     (Tâmara Rossene)



sábado, 1 de agosto de 2015


Eu ouvia que de agosto
colhia-se apenas desgosto
e o grito dos loucos.
Mas esse vento que sopra
pode ser a boa nova...
Agosto
traga feliz o meu rosto
na porta da nossa casa na Avenida.
Junte de novo 
o que agora é partida.
Leve embora esse gosto
de despedida.
E nos faça flutuar
por entre as folhas que correm nas ruas.
Ó, agosto!
sopre prá longe
a realidade crua...

P.S. A foto, ainda que de baixa qualidade, é nossa (minha mãe, meu pai e Celo), na frente da casa na J.K., vendo o ciclismo passar, num agosto...