segunda-feira, 27 de maio de 2013



CAPITAL
Gosto da capital
com seus anônimos pela rua
o vai e vem incansável
as horas de pico
e as longas pistas
para corridas que não ganham prêmios.
Fecho os olhos e vejo as curvas
dentro dos ônibus apertados
o dinheiro contado da passagem
pacotes, pessoas e ambulantes se atropelando.
O custo, o ônus.
Gosto dessas incógnitas.
Dos desejos ocultos.
da noite que não chega para todos.
São casarões nas esquinas
com histórias esquecidas.
Calçadas freqüentadas apenas por mendigos.
Ruelas onde me encontro
e me perco.
Uma fúria por comprar, comer, tratar.
São mundos dentro de mundos.
Segundos velozes.
Horas intensas
e relógios quebrados
para muitos, tantos, milhares...
São lágrimas que não se percebem.
Histórias tão iguais
e tão solitárias...
Terras perdidas.
Dias repetidos.
Uma metrópole de corridas
de sonhos desfeitos
de pecados
amores
sentimentos mil...
Pessoas que cruzamos uma única vez
e que poderiam ser eternas em nossas vidas
mas que se despedem sem se olhar.
Incógnitas.
Separadas
pela  capital....
Pelo capital!

            (Tâmara Rossene)

domingo, 19 de maio de 2013

Cada dia estão mais escassos por aqui, produtos com a nossa identidade ribeirinha... nossos balaios, esteiras, rapaduras, gamelas, colheres de pau, artefatos que se arrastaram pelas gerações...noutro dia, perguntei por onde andava uma pessoa que fabricava carrancas e me disseram que há tempos fora empregar-se em alguma das fazendas de Luís Eduardo Magalhães. Deixou dezenas de proas incompletas, com os espíritos esperando para serem espantados por sua arte! Deixou mãos vazias de passantes, querendo uma lembrança que retratasse o Velho Chico! Uma pena, que tenham sucumbido aos novos modelos que vem se instalando. E que nós estejamos dispostos a entregar a nossa identidade e a mudar de rosto!  E que ainda tenhamos coragem de dizer que defendemos o rio São Francisco, quando também estamos sendo responsáveis pela morte ribeirinha e pela nossa morte, nessa passividade com a história que se apaga a nossa volta!
P.S. Nas fotos, prá lembrar os nossos ofícios, engenho de tio Elias na Canabrava, Cidé da Itapeba, fabricando fumo de rolo, quebradeiras de coco de Santa Cruz e Virino da arte de pescar...



quarta-feira, 1 de maio de 2013



O laranja no azul
fazendo festa no céu
o vento 
em intenso movimento
rodopiando a pipa
num cenário feito só prá ela imperar...
na terra
o menino reina
carretel nas mãos 
segurando a linha torta
controle remoto
do mundo que paira a sua volta!

(Tâmara Rossene)

P.S. Empinando pipa com João Marcelo, no Alto do Fundão.