terça-feira, 2 de agosto de 2011

Logo ali, no nosso vizinho Muquém do São Francisco, está a Vila da Piragiba. Embora poucos saibam, o seu território abriga um sítio arqueológico. Urnas funerárias foram encontradas, pertencentes a tradição Aratu. Consistem em potes de barro, nos quais eram enterrados corpos e pertences de indígenas. Datam de cerca de 200 a 400 anos. Me impressiona o nosso desconhecimento do espaço que nos circuda. Certa feita me contaram que a população da Vila da Piragiba ao ter a energia elétrica autorizada para ser instalada na comunidade, teve sérios impasses com os pesquisadores. Estes acreditavam que para que o poder público pudesse entrar na localidade, precisaria investir nas pesquisas arqueológicas e tentaram barrar a chegada da energia, até que barganhassem ajuda para a continuidade dos trabalhos. A população que desejava sair do escuro, se posicionou de forma contrária a Instituição que levava as pesquisas adiante, heroicamente, diga-se de passagem, como tantas outras que resistem nesse país. Não sei se a história é verídica, mas de certa forma, acredito nela. Energia elétrica hoje é ítem de primeira necessidade. E nossa memória há muito vem sofrendo de amnésia. Também não podemos culpar as pessoas pela ignorância. A meu ver, a instituição que levava o projeto do sítio arqueológico adiante, pecou imensamente. Não compartilhou as informações com os donos do território. Não utilizaram o poder da informação a seu favor. Estiveram talvez alheios a esse processo, por subestimarem os que para eles não se tratavam de objetos de pesquisa. Um trabalho árduo dos profissionais envolvidos, desvendar a história, a partir das provas encontradas. Mas aqui na região, poucos sabem desses achados e do seu significado. Conhecimento que não se reparte portanto. Nossos alunos ainda continuam utilizando livros didáticos que mostram outras realidades distantes da nossa... O menino, próximo a Vila da Piragiba, abre o livro e vê a figura de um prédio de 20 andares. Sente vontade de conhecê-lo , mas talvez despreze a paisagem a sua volta. Enquanto doutores pesquisadores escreverão sobre os achados da sua Vila, ele só vislumbrará a estrada, com o ônibus que sempre no mesmo horário, parte para São Paulo...
Sobre o sítio arqueologico da Piragiba podem acessar o link http://www.ffch.ufba.br/spip.php?article525 para maiores informações.

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