Escrevi esse poema quando voltei a Ibotirama, depois de tantos anos longe! Parabéns a minha terra, que está aniversariando e aos meus irmãos, nascidos nesse lugar...
Muito cedo
rompi cordões.
Velas distantes do Velho Chico
me jogaram às tormentas.
Desaprendi a amar
pessoas e vilarejos que deixei prá trás.
Incompleta voltei!
Estava em meu caminho refazer laços desfeitos.
Ah, meu umbigo deitado debaixo do limoeiro, voltei!
Ah, minha Anália, quanto tempo perdi!
Meu labirinto de recordações.
Já não reconheço as feições que ora se mostram
a luz de candeeiros.
Tardes de calor intenso
queimando em pedaços
que agora querem juntar-se.
Ah, Babilônia que me atormentava dias e noites.
Ponte que se quebra dentro de mim.
Ó mãe que me atou por um fio quando me perdi pelo mundo
e onde quer que eu fosse
mantinha a minha cabeça sempre voltada prá trás.
Ai, como órfã estive, longe do meu lugar!
Eu posso me atirar pelo mundo
em qualquer direção
Eu posso buscar outros destinos
outras terras
Algo sempre me trará de volta.
Entre caminhos e descaminhos
É impossível fugir a bússola que aponta continuamente
nessa mesma direção!
(Tâmara Rossene)