terça-feira, 27 de agosto de 2013

Sento em frente ao trono, enquanto o rei vai anotando o meu relato de queixas. 
Ele não me olha nos olhos. 
Não escuta o que eu digo. 
Mas escreve enquanto eu falo. 
E sem que eu termine, ele me estende a mão e me entrega a solução que encontrou. 
O rei, parece adivinho! 
Desperto do sonho repentino e recebo bruscamente a receita que o médico me entrega, gritando: 
 o próximo!

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Escrevi esse poema quando voltei a Ibotirama, depois de tantos anos longe! Parabéns a minha terra, que está aniversariando e aos meus irmãos, nascidos nesse lugar...

Muito cedo
rompi cordões.
Velas distantes do Velho Chico
me jogaram às tormentas.
Desaprendi a amar
pessoas e vilarejos que deixei prá trás.
Incompleta voltei!
Estava em meu caminho refazer laços desfeitos.
Ah, meu umbigo deitado debaixo do limoeiro, voltei!
Ah, minha Anália, quanto tempo perdi!
Meu labirinto de recordações.
Já não reconheço as feições que ora se mostram
a luz de candeeiros.
Tardes de calor intenso
queimando em pedaços
que agora querem juntar-se.
Ah, Babilônia que me atormentava dias e noites.
Ponte que se quebra dentro de mim.
Ó mãe que me atou por um fio quando me perdi pelo mundo
e onde quer que eu fosse
mantinha a minha cabeça sempre voltada prá trás.
Ai, como órfã estive, longe do meu lugar!
Eu posso me atirar pelo mundo
em qualquer direção
Eu posso buscar outros destinos
outras terras
Algo sempre me trará de volta.
Entre caminhos e descaminhos
É impossível fugir a bússola que aponta continuamente
nessa mesma direção!
(Tâmara Rossene)

sexta-feira, 9 de agosto de 2013


E prá suavizar o poema, uma fotografia de Mariana, que me transmite leveza, do seu tumblr  http://misasmausoleum.tumblr.com/

E quando o outro te ferir
que fique claro que o outro
está em corpo e espírito distintos do teu
e que o tempo corre diferente para o que está fora do teu ser
e que entre o que se espera e o que se concretiza
pode existir um poço profundo
onde cabem desilusões, incertezas
e universos desconhecidos.
Não há o que se cobrar
pela mágoa que o outro causou
mas que se ocupar em tratar a ferida aberta
e em compreender
que onde pousam as mãos humanas
aí se estende campo fértil de máculas.
Ai quem dera, que em nossas limitações
pudéssemos montar trincheiras
e ficar a espreita das dores
prontos para lançá-las pelos ares.
Mas amar é correr em campo aberto
e minado
jamais saberemos
o que "o outro"
nos terá reservado...

(Tâmara Rossene)



sexta-feira, 2 de agosto de 2013

 Para brindar agosto que chega, tão quente prá nós e carregado de simbologias, um poeminha de um dia de agonia...

Eu queria tomar em minhas mãos
essa tua angústia
e lançá-la aos ventos
fazer de tua inquietude
o meu tormento
e de tuas lamúrias
o meu lamento.
Eu queria que o teu pesar
caísse sobre os meus ombros
e eu jogaria em meio ao oceano
esses escombros
aflições se arrastando em mar aberto.
Eu queria tua cabeça em meu colo
cafuné dissipando maus pensamentos
te livrar do fantasma da incerteza
devolvendo para sempre
tua leveza...

(Tâmara Rossene)