Lembro que os maços de
cigarros traziam dentro deles um pedaço de papel metalizado, meio fosco. Isso
era na década de 70 e não havia tantas papelarias, nem tantas cores e texturas
de papéis como hoje. As asas dos anjinhos das procissões eram feitas em
filó branco e depois enfeitadas com estrelinhas ou bolinhas metalizadas. Na falta das
papelarias, o papel dos cigarros servia. Eu tinha loucura para ser anjo e
loucura por aquele papel metálico. E quando me disseram que eu me transformaria
em um anjinho de roupa vermelha, na procissão de São Sebastião, saí catando todos os
maços de cigarro que encontrava pelo caminho. Uma impressão agora, de que se
fumava muito naquela época. A procissão terminou e eu fiquei com o brilho das
bolinhas prateadas até hoje, no olhar. E agora, olhando para a coluna de uma
parede da sala, onde colei espelhos em formato de estrelas, que lembram muito
as estrelinhas saltitando nas asas dos anjos em fila indiana, pelas ruas da
cidade, compreendi porque estão ali. Um sorriso infantil ao fitá-las. A parede,
as estrelas, o prateado, o par de asas e eu... flutuando por entre eles, como se estivesse no céu.
quinta-feira, 19 de novembro de 2015
terça-feira, 17 de novembro de 2015
Estamos todos consternados com a catástrofe em Mariana... Mas além dos posts compartilhados e da solidariedade prestada, fico pensando em quanto disso tudo modificou a nossa consciência em relação as questões ambientais. Aqui em nossa região, se eu não estiver enganada, Boquira, Brotas de Macaúbas e Oliveira dos Brejinhos tiveram seu potencial hídrico sacrificado pela exploração do minério. Todos os dias, silenciosamente, o esgoto escorre para o leito do Velho Chico, abocanhando as águas das cidades ribeirinhas. As nascentes são dizimadas debaixo dos nossos olhos, enquanto nos chocamos com as imagens da TV. E quanto disso trouxemos a tona, nas notícias que nossos dedos ágeis tem propagado? Debaixo da lama de todo esse sistema, quanto de nós tem renunciado ao consumo desenfreado? Quanto temos abdicado para fugir a lógica (ilógica) de sustentar a aparência? Quanto temos revisto na educação dos nossos filhos, para impedir que as novas gerações propaguem esse modelo estúpido que escolhemos? Quanto de nossas aspirações medíocres de morar em torres de concreto, dispostas sobre ecossistemas inteiros, morreram? Quanto de mim, efetivamente, se posiciona como responsável, quando aponto o meu dedo em riste, para os órgãos governamentais? Quanto de você está nisso?
quinta-feira, 12 de novembro de 2015
terça-feira, 3 de novembro de 2015
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