terça-feira, 23 de agosto de 2011

Sem perceber vamos repetindo velhos modelos, como se fossem novos... Noutro dia me perguntaram se Taylor e Fayol ainda tinham espaço nesse nosso mundinho tecnológico. Tanto conhecimento em voga na era da informação, tanto disseminar e propagar idéias, mas eles estão mais arraigados do que nunca, impregnados na lógica do sistema que nos domina. Penso que a sistemática proposta nos primórdios da Administração Científica, evoluiu sim. Se antes aplicava-se apenas a produção de bens em escala, agora aplica-se também a manipulação das idéias. São músicas, livros e idéias produzidas em séries e degustadas de igual forma, também maquinalmente. Uma coisa é certa, a mais valia coloca Marx no topo dos pensadores inquestionáveis, depois de anos como indesejável. Tem horas que a verdade não pode ser oculta e vira aliada até mesmo nas estratagemas dos que querem negar que ela exista. Será ele, o capital, sempre o responsável pelas guinadas de 360 graus? Gira, gira, gira e cá estamos no mesmo lugar de sempre. O progresso científico sobreveio, é verdade. A produção e a riqueza nacional aumentaram juntamente com as necessidades e os desejos. Fome do básico e do que enche os olhos. Desejo de pertencimento ao mercado dos mais seletos. No passado, era vontade de ouro e prata. No presente, carro, celular, gracejos tecnológicos. Demanda por um poder que chega na capacidade de suprir a vontade ávida do consumir. Será que encheria os nossos olhos mudar a lógica do sistema, socializando os meios de produção e dividindo a riqueza por igual? Claro que não...mesmo com a desproporcionalidade da repartição do bolo, quem tem ao menos uma pequena fatia, não ia querer correr o risco de estar em pé de igualdade com os que comem das migalhas que caem da sua mesa, queriam mesmo era a cereja do bolo... Mas são afetos de pequeninas caridades. Abrem a bolsa para conceder moedinhas as mãos que se estendem, ligam para o criança esperança e comentam as injustiças e mazelas sociais, como se assim pudessem ajudar a mudar o mundo! E ainda acreditam que a violência, a marginalidade e o caos social é sempre culpa de terceiros. Desculpem, mas ando meio incrédula de que ainda tenhamos salvação...

Abaixo, um poeminha escrito depois de passar algumas horas no Rio Vermelho, um bairro boêmio de Salvador, apreciando a movimentação a minha volta...Espero que gostem! Saudades de postar aqui com mais frequência, mas enquanto o tempo é escasso, vou me virando enquanto posso...


AMBULANTES

Bebo e rio.

Ouço vozes ao meu redor.

Tilintar de copos.

Rostos.

A música.

A noite.

O brilho da madrugada.

Entre as mesas circulam

vendedores de rosas

cartões

amendoim.

Olha o queijo coalho!

Eles estão em toda parte!

Meninos descalços

que perderam a hora do sono e da infância.

Senhoras

que esqueceram o tempo de descansar!

Que me importa!

Brindo a noite.

Trôpega

abraço o meu amor.

E nem sequer um aplauso

para os ambulantes

que sustentam as cortinas!

(Tâmara Rossene)


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