quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013



Peguei a estrada da Canabrava um dia desses... Na casa de tio Elias, fiquei me lembrando do meu deslumbramento, aos nove, dez anos, passando férias naquele lugar. Da água que corria no fundo das casas, da casa de tia Helena, do beiju de massa sendo confeccionado na casa de farinha, por mulheres da comunidade, num clima de festividade, dos engenhos de cana de açucar, do batido de rapadura, do engenho de Silas Braga e de suas histórias. O aspecto de uma vilazinha recuada, ainda permanece, com a altivez das mangubeiras, que me metiam medo, quando a energia elétrica ainda não era realidade. Parte das casas mudou as fachadas, outras foram construídas. A igrejinha me trouxe a lembrança das promessas de vovó Anália, dos relatos de como conhecera meu avô, da história da família que vem percorrendo as gerações, nos nomes de Samuel, Maria, dos Bragas...Fiquei entristecida em perceber que os engenhos praticamente acabaram e que o regato secou. Passei por tantos lugares, em outros municípios, que construíram alternativas sustentáveis de forma tão simplória! Do engajamento comunitário, em torno do fortalecimento do lugar, que trouxe preservação aos costumes e meios de sobrevivência. Acho que esse sonho passou por minha cabeça nesse dia, olhando o cruzeiro colocado no alto da serra da Canabrava, uma promessa do passado, para que a chuva amenizasse a seca. Uma história que ouvi anos a fio, contada por vovô Minervino. E eu ali, olhando prá cruz e desejando preservar aquele lugarzinho, aquela paisagem, aquele pedaço do meu ser...
Na foto, eu, tio Elias e João Marcelo, prá registrar diferentes gerações, na Canabrava de hoje...