sexta-feira, 26 de julho de 2013

A Cultura Popular Pede Licença!
Por Orlamara Andrade

Em nome da cultura popular, em memória dos nossos antepassados, dos nossos pais, avós, bisavós, tios, tias, em nome dos mestres que se foram, benzedeiras, parteiras, doceiras, bordadeiras, dos ofícios e modos de fazer, dos reiseiros Simão, Biscoito, Elizabete, Tarcila, Tinô e tantos outros que se foram, mas que gostariam de também estar aqui neste momento de reconstrução do que ainda nos resta. Precisamos salvaguardar nossa cultura popular! “ô de casa, ô de fora, ô casa, ô de fora, Maria vai ver quem é, Maria vai ver quem é, somos cantador de Reis, somos cantador de Reis, quem mandou foi São José, quem mandou foi São José...” Salve Mestre Curuta, salve Dona Teodora, salve Vicente e Dudu, salve Seu Carmélio e Nêga, Geneliza, Daizinha, Ariberto e Aribertino. Salve Maria e Matias! Salve as benzedeiras, em nome de Dona Maria e Tia Preta. As parteiras, em nome de Pomba, Mãe Josina e Mãe Dejanira. Salve os Mestres de capoeira, na pessoa de Dilcifran. Dos terreiros de Umbanda e Candomblé. Salve Filomena, seu Osvaldo, Dona Cleonice, salve Pelé e tantos outros que aqui se acham. Os contadores de causos, lendas e histórias. Orlando Ribeiro de Andrade e Irineu Ribeiro. Dos poetas, músicos e cantadores. Paulo Cupertino, Sílvio Araújo, Salve Téo Coutinho! Dos cordelistas, Josemário e Joilson Melo. Do teatro, Aliomar Joaquim Pereira. Salve, mestre! É preciso preservar o patrimônio e a memória dos que se foram e ainda do que nos resta. Salve Deus! Salve Nosso Senhor Jesus Cristo! Salve Deus nas alturas e os homens de boa vontade! Precisamos Senhores, temos urgência em salvaguardar o pouco do muito, que ainda nos resta. Nosso passado, presente e futuro. Nossa cultura popular! “Ô dá licença pelo amor de Deus, meu pai, dá licença nos trabalhos meus. Ô dá licença pelo amor de Deus, meu pai, dá licença nos trabalhos meus”. E Viva a cultura popular!
P.S. Na foto, Terno de Reis de D. Teodora, pelas ruas do São Francisco, em 2007.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Eu escrevo mais por dor
do que por alegria
menos por amor
mais por saudade e nostalgia.
Meus escritos se alimentam
da sangria que escorre.
Do suor
pela ferida que lateja.
Não ganham corpo
com beijo
ou festa
mas pelo olhar tristonho
que esboço pela fresta.
Sem  dor
nada me resta!
o que me corrói
se transforma em versos.
Na paz
nada se cria...
em meu universo pantanoso
surge minha poesia!

 (Tâmara Rossene)

quarta-feira, 10 de julho de 2013



 Uma poesia de meu pai...

MENINA TRAVESSA        
Menina travessa
Das boates da vida
Que rola feliz em braços diversos
Não se preocupando
Com o seu amanhã.
Pensa que é eterna
Que sua beleza jamais passará.
Não quer compromisso
Que a torne responsável
Por uma família
Ou um trabalho qualquer
Que a enobreça
Valorizando seu tempo
Seu corpo e sua graça
Pra ser amanhã
Mais do que hoje é.
Leal, honrada, sincera
Culta, amada,respeitada
Sem entregar-se as ilusões desmedidas
Que arrastam sem dó
Para os estragos da vida
Nas festas perdidas
Do tempo sem nada
Enfeitando as madrugadas
Dos cabarés da vida
Quando velha
Gorda, abandonada e feia
Os namorados de agora
Jamais virão
Lhe encontrar.

(Orlando Ribeiro de Andrade)