quarta-feira, 23 de abril de 2014


O moço vem me falando de Controle Social e eu divagando, com meus botões... Não fomos e nem estamos sendo educados para isso! Para pensar com senso de coletividade, a menos que estejamos sendo diretamente afetados. Dos 5.564 municípios brasileiros, quantos devem se gabar de ter o controle social exercido efetivamente pela sociedade civil? Primeiro vem a dificuldade com o trabalho voluntário dos Conselheiros, que não representam o governo. Depois, a falta de informação. Quantos dos membros dos diversos Conselhos que nos circundam (Da Criança e do Adolescente, Saúde, Assistência Social, Idoso, Mulher, Deficiente Físico, Habitação, Merenda Escolar, etc., etc.) são dotados de informações suficientes para exercerem o seu papel? Deliberar, fiscalizar, propôr, requer conhecimento do funcionamento da máquina pública e das suas nuances e conhecimentos das demandas do público a quem se destinam as políticas públicas. Com os resultados recém divulgados do IDH no Brasil, podemos constatar que avançamos, mas ainda temos muito chão prá percorrer. Ainda estamos tendo resultados desastrosos com a educação e nossa mão de obra ocupa algumas pesquisas, como sendo de qualidade duvidosa. E se estamos necessitando de itens básicos em nossa sobrevivência, será que iremos desviar os olhos dos nosso umbigos prá olhar a nossa volta? Mas não é apenas falta de interesse. Estamos despreparados. Controle social inscrito no campo legal foi um avanço. Tornar-se habitual, corriqueiro, sem que os mecanismos existam apenas para cumprir tabela, é sinal de amadurecimento. E nesse ponto, ainda acabamos de nascer...

quinta-feira, 10 de abril de 2014

 Hoje me lembrei desse poema do meu Pai. Porque tolamente acreditamos que não somos responsáveis pelas misérias que nos rondam. A culpa é sempre do estado, da família, da sociedade, do sistema... E nós vamos crucificando os monstros que nós mesmos criamos, nesse universo onde o coletivo só existe, se nossos interesses particulares estiverem sendo defendidos. É aquela coisa, o sujeito está gritando por socorro ao meu lado, mas embora eu lamente, a dor não é minha. E vamos seguindo... doando roupas e brinquedos nas datas festivas, ligando pro Criança Esperança, colocando notas fiscais nas urnas das instituições de caridade e acreditando que assim, estamos nos eximindo das nossas próprias culpas...

O EXCLUIDO
 Menino descalço,
Choroso desprezado
De origem humilde
Faminto engraxado
Das praças da vida
Pisado, cuspido
Chutado, agredido
Que insiste em viver
Em nome de uma “tal esperança”
Criado pelo ópio
De uma perversa sociedade
Nascida de dominante
Classe exploradora
Que o mantém excluído
Com alegria e prazer.
                       (Orlando Ribeiro de Andrade)

quinta-feira, 3 de abril de 2014




Foi numa visita ao "Museu da Loucura", em Barbacena - MG, em 2001, que tive a primeira aproximação com o universo dos portadores de transtornos mentais. A verdade por trás dos muros dos manicômios me incomodou absurdamente, com a visão dos objetos de tortura e de trapos humanos, que me olhavam como almas perdidas. Anos depois, o contato com o CAPS durante o período de estágio em Serviço Social me trouxe de volta essa angústia. Mas mesmo com a derrubada dos muros, pós reforma psiquiátrica, continuamos agindo como se eles existissem e continuamos preferindo os "loucos", amarrados e escondidos das nossas vistas. Como censurar as famílias, em estado de alerta para o próximo surto, se não lhes chega o preparo psicológico necessário para lidar com as suas fraquezas? como censurar quando, por diversas vezes, o benefício recebido pelo paciente é a única forma de prover o pão de cada dia do núcleo familiar ao qual pertence, impossibilitando-o de receber o tratamento necessário? e como transferir a responsabilidade apenas aos CAPS, com as suas diversas limitações na esfera dos municípios, como a ausência de profissionais qualificados, restrições orçamentárias e priorização na agenda das políticas públicas? Tenho profunda admiração por aqueles profissionais que ignoram tantos percalços e elegem a saúde mental como foco de atuação. Uma discussão que a coletividade prefere jogar embaixo do tapete. Citando o Livro da Tribo de 2013, "A julgar pelo aumento do uso de medicamentos antidepressivos e calmantes, estamos enlouquecendo mais a cada dia. E também estamos fingindo que a nossa loucura não existe".

P.S. Na foto, o pátio do Hospital Colônia de Barbacena, na década de 60, que já foi comparado a um campo nazista, pelo tratamento dispensado aos seus pacientes.

terça-feira, 1 de abril de 2014




E o mundo abriu-se!
Primeiro chegou meu pai
depois meu irmão
e longos anos após,
meu filho João!
Lideres, teimosos
e viris arianos 
Meus cavaleiros de abril...
Meu peito aberto, em sentimentos mil!