quarta-feira, 15 de junho de 2011

Acordei pensando nos meus problemas... Ao longo do dia, me deparei com pessoas vivendo sob condições de extrema miserabilidade e conflitos que passam longe de mim... Os meus problemas mais uma vez foram reduzidos a pó... Bendito trabalho que me situa em meio a realidade que me ronda! Terminei o dia agradecendo aos céus a capacidade que ainda me resta, de enxergar além das aparências e de conseguir me colocar sob a pele do outro, apesar do sentimento de impotência que me corrói... Que eu não seja acometida pela frieza da miséria rotineira, como tantos, que pela proximidade frequente com o sofrimento alheio, terminam por desconsiderá-lo. Há tanto a escrever sobre isso, mas ao mesmo tempo, há tantas divagações, que temo ser piegas... Lembrei-me agora, do livro Olhai os Livros do Campo, de Érico Veríssimo, que li por indicação de meu pai. Apesar de ter sido escrito em 1938, é atualíssimo. Abaixo, transcrevo um trecho dele, para que reflitam.

"Estive pensando muito na fúria cega com que os homens se atiram à caça do dinheiro. É essa a causa principal dos dramas, das injustiças, da incompreensão da nossa época. Eles esquecem o que têm de mais humano e sacrificam o que a vida lhes oferece de melhor: as relações de criatura para criatura. De que serve construir arranha-céus se não há mais almas humanas para morar neles? É indispensável trabalhar, pois um mundo de criaturas passivas seria também triste e sem beleza. Precisamos, entretanto, dar um sentido humano às nossas construções. E quando o amor ao dinheiro, ao sucesso, nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu.
Há na terra um grande trabalho a realizar. É tarefa para seres fortes, para corações corajosos. Não podemos cruzar os braços.
É indispensável que conquistemos este mundo, não com as armas do ódio e da violência, e sim com as do amor e da persuasão. Quando falo em conquistas, quero dizer a conquista duma situação decente para todas as criaturas humanas, a conquista da paz digna, através do espírito de cooperação".

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