domingo, 19 de agosto de 2018

Os olhos eram grandes e gulosos. Cabelo ralo e dedos compridos levados a boca. A boca, com gosto de mundo. Eu queria sair correndo com ela atada aos meus braços. Fugir do mundo. Às vezes, eu criava estratégias para isso. Talvez se eu pulasse um abismo rumo ao infinito: só nós duas. Depois me via correndo, correndo, até chegar num lugar só nosso. Bastava que pronunciassem a palavra "crescer" perto dela. Não, ela não cresceria! Eu a colocaria tão próxima a mim, que a menina de dedos logos e fortes, não desejaria partir. Ela sorria me olhando e eu lhe confidenciava num olhar, os meus planos secretos. Mas lá no fundo, uma tristeza me assombrava: até quando eu poderia mantê-la assim, hipnotizada sob o meu olhar? ao seu redor, tudo girava e ela já começava a virar a cabecinha para observar...

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