domingo, 19 de agosto de 2018


Mas vendo a fotografia e olhando aqui dentro, compreendo o quanto tem de verdadeiro nesse sorriso que se externa. Eu compreendi que quando o outro segue por caminhos tortuosos, não cabe a mim esse peso. Eu me libertei do peso do outro! Por isso eu continuo com as mesmas piadas sarcásticas em meio a labuta e com o senso de humor me alavancando os dias. Continuo reclamando do excesso de burocratização nas horas corridas, mas com o mesmo olhar atento prás dores que escuto todos os dias. E continuo me sentindo impotente em meio as mazelas alheias, em dores que não sinto na pele, mas que me golpeiam. Eu continuo achando graça de cada história que ouço na voz do meu filho pequeno e ficando encantada com cada narrativa ao telefone, na voz da moça, vinda lá do Planalto Central. Eu continuo tendo idéias absurdas de projetos que vou descartando por mera preguiça. E continuo construindo outros tantos planos. Eu continuo rabiscando poesias no meio das tardes, em meio a pilhas de papéis para cumprir. E continuo me sentindo culpada por isso. E continuo sumindo. E continuo aparecendo do nada e gargalhando. Então esse sorriso que você avalia como mera pose prá fotografia, sou eu caatinga ressurgindo. Lua cheia subindo a serra. Lágrima rolando no meio de uma música alegre de Alceu. Estrada seguindo entre sertão e litoral. Eu continuo...

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