quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Amor desmedido...

A mulher se posta a minha frente com o filho nos braços. A voz é calma, a expressão serena... Vai relatando sem qualquer revolta aparente ou mágoa, como chegou a este mundo o menino com nome de profeta, desde o nascimento, até a descoberta da paralisia cerebral. Vai narrando a sua saga em detalhes, parando as vezes apenas para acariciar a criança em seus braços. Quase um boneco, em pele e osso, não fosse pelos olhos, que gritam para mim que ali há vida. Em determinado momento da sua narrativa, ele fecha os olhos, como se estivesse se aconchegando ao seu peito. Parece saber o significado daquela mulher para sua existência. Lhe faço perguntas, questiono, me revolvo inteira enquanto ela fala. Me sinto ínfima e ingrata, por imaginar que tenho problemas. Ela continua a falar de toda a realidade que a cerca, envolta em problemas "verdadeiros", como se o menino parado em seu colo, fosse a única alegria que tivesse. Como se os cuidados que ele exigisse fossem pequenos, diante do amor que lhe é devota. Por um instante se recorda que ele quase morreu e que um anjo lhe salvou a vida, como lhe é grata por isso! Penso em quantas mães naquele momento preferiam que a morte tivesse chegado, naquela hora. E ela me fala com os olhos marejados, que graças aquela viv'alma não perdeu o seu filho.
Me arrepio só de pensar nas múltiplas formas do amor e nessa expressão do que se ama sem medidas, de forma incondicional, sob os meus olhos.
Rogo aos céus agora para que ele não se vá tão cedo... Sou agora destroços...Descubro que ela necessita muito mais dele do que o inverso. ..

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