quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Acordo. Café e correria. Relógio de ponto. Registra papel. Arquiva. Carimba. Pastas no andar de cima. Degraus. A moça senta a minha frente. Ela é um número de protocolo. Eu vomito normas. E prazos. O olho da moça mina. Eu olho o relógio. Registro o ponto. Almoço. Engulo. Corro. Relógio de ponto. Pastas. Enumero papéis. Protocolos. Paro. Por que a moça chorou na minha frente? eu paro de novo e não consigo olhar o relógio. O olho da moça vertendo lágrimas. Descubro que não sou uma máquina. E a moça não era um protocolo. E as normas não consideram as lágrimas. Não durmo. Acordo atrasada. A cadeira vazia a minha frente. Paro e seguro os papéis. Esqueço o relógio. Eu não sou um ponto fixo. E as normas não me prendem mais as engrenagens...

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