E num dia como hoje, quando fico perto de alguém que está atravessado pela mesma dor, fico com a impressão de que posso ganhar rios de maturidade, a morte sempre será algo com a qual não saberei lidar. São muitas perguntas sem respostas. São muitas respostas que nos damos apenas para acalentar o espírito. Me pego misturando suposições e realidade, sem dosagens certas, apenas querendo compreender...Na verdade, acho que o mais difícil de lidar é com a ausência do que esteve tão próximo. As lembranças assustam tanto quanto os fantasmas. Não é o assombro que me causa temor, mas o desconhecimento e a saudade... Meu avô Irineu dizia "que tudo passa, só não passa a espada de Deus". Acho que essa era uma descrição prá o que não se pode evitar, prá morte, implacável...
Abaixo, um poema do meu pai...Também inquisidor, também querendo respostas, também desejando que houvesse algo mais além...
QUEIXUMES
SINTO...
Como
o rio
Desliza
velozmente,
Como
o barco
Singra
mansamente
...as
correntezas além
Como
o
vento passa incontrolável
Fustigando
impiedoso
O
rosto calmo de alguém,
Levando
na poeira
‘Arrastada
Esperanças
de quem está só!
SINTO...
Como
espinha e egoísmo
Desbotando
o sorriso
Da
alegria que sobrevive,
Em
Vão...
E
na tristeza que tanto deprime,
SINTO...
Como
num pesadelo
O
espinho duro da verdade
Sangrando-me
o Coração
...nada
muda
Estou
seguindo para um fim.
Um
fim verdadeiro,
Que
será o começo
De
uma realidade nova
Que
jamais
Saberei
Cantar.
(Orlando Ribeiro de Andrade)
Post muito inspirado. Realmente, são coisas que não sabemos bem como explicar.
ResponderExcluirSaudades do eterno Diretor Orlando
Yanna, bom ter vc aqui prá dividir a saudade...
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