quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

 Quando meus avós materrnos Anália e Minervino moravam ali na esquina da JJ Seabra (antiga rua do Quebra Perna), lembro  do entra e sai dos vizinhos: Dona Tavinha, Dona Francisca, Dona Honorinda; do outro lado, Dona Nô, Dona Caçula. Todos tinham algo plantado no quintal. A casa dos meus avós era uma espécie de pomar e ainda abrigava um galinheiro e um chiqueiro. E do nada, aparecia alguém com pinha, goiaba, mamão, romã, ovos. Eu, menina chorosa, me sentia cuidada por todos, naquela frase: O que foi, Taminha? As crianças, eram cuidadas pelo coletivo e  entravam  e saiam das casas, com total liberdade.  Num tempo, em que as portas das casas se fechavam tarde, sob a luz de lamparinas fracas e lanpiões a gás.

Ali na rua primeiro de janeiro, onde moravam vovô Irineu e Vovó Zefa,meus avós paternos,  lembro da vizinhança dividida com Seu Izidoro, Seu Fabriciano, Seu Tomás. E do café da tarde, tomado com Dona Ruzu.

Tenho a impressão, de que tínhamos mais fartura e vivíamos mais felizes. O que me leva a crer, que a vida faz mais sentido quando vivida assim, em comunidade. E me faz acreditar, que a partilha é o caminho...


quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Vovó Anália certa vez, contou-me com tristeza que perdeu a mãe, aos três anos de idade. Que se recordava com nitidez da genitora doente, sendo carregada em uma rede por algumas pessoas. Depois me disse que no dia em que se casou com vovô Minervino, chorou o dia todo, sentindo falta da mãe com qem convivera por tão pouco tempo! Querendo abraça-la naquele dia tão importane. 
Anos mais tarde, na antiga casa dos meus avós, ali na rua do Quebra Perna, muitas pessoas da família relataram ter visto uma mulher que lembrava Vovó Anália, como se fosse uma aparição. Eu não sei porque, mas havia um consenso de que era a mãe da minha avó, visitando este plano. Eu cresci curiosa sobre estes mistérios. Recentemente, retomei essas lembranças, ao descobrir o nome da minha bisavó materna, a mãe de vovó Anália. E achei lindo o nome Maria Joana. Joana quer dizer agraciada por Deus. E embora eu já tenha encerrado meu ciclo reprodutivo, se tivesse uma outra filha, seria certamente Maria Joana, o seu nome. Seria o meu abraço na avó que eu tão bem conheci e amei e o resgate da ancestralidade que eu sinto tão presente em meus dias. Hoje a chuva me trás saudades da minha avó. Eu a tenho dentro de mim. E eu so queria um abraço de nós três. Eu, Anãlia e Maria Joana. Curando as lágrimas de minha avó, no elo que o tempo não apaga: ancestralidade e amor.