Há muito, muito tempo longe das novelas, longe das grandes redes de TV, longe da poderosa emissora. Não sei ao certo se há dez ou há quinze dias, passei em frente a caixa mágica e me detive. A novela Velho Chico, de que tanto tem me perguntado, exibia uma cena de samba de roda. Sentei na cama para observar. Aqui, por minhas terras ribeirinhas, o toque da caixa, o passo da chula, as vozes de homens e mulheres em coro, são inconfundíveis! Pensei nesta Ibotirama que me pariu. E pensei também em Bom Jesus da Lapa, Paratinga, Morpará, Muquém do São Francisco, Alto, Médio, Baixo São Francisco, no rio descendo e subindo. O samba mostrado na tal novela, não era nosso, era do recôncavo! Passamos anos assistindo ao propagar de que a cultura da Bahia somente era representada pela região da Capital do estado e do Recôncavo. Sofremos anos, com os recursos que não chegavam até aqui: a cultura invisível destas bandas ribeirinhas! O recôncavo também é nosso! compõe o traço da diversidade do nosso estado. Mas a grande rede televisiva, propõe um recorte para mostrar o Velho Chico e propaga os mesmos valores hegemônicos que tanto nos invisibilizaram. E continuaremos assim, alheios, a margem, se não gritarmos que esse Velho Chico, não somos nós!
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