sábado, 23 de abril de 2016

Há muito, muito tempo longe das novelas, longe das grandes redes de TV, longe da poderosa emissora. Não sei ao certo se há dez ou há quinze dias, passei em frente a caixa mágica e me detive. A novela Velho Chico, de que tanto tem me perguntado, exibia uma cena de samba de roda. Sentei na cama para observar. Aqui, por minhas terras ribeirinhas, o toque da caixa, o passo da chula, as vozes de homens e mulheres em coro, são inconfundíveis! Pensei nesta Ibotirama que me pariu. E pensei também em Bom Jesus da Lapa, Paratinga, Morpará, Muquém do São Francisco, Alto, Médio, Baixo São Francisco, no rio descendo e subindo. O samba mostrado na tal novela, não era nosso, era do recôncavo! Passamos anos assistindo ao propagar de que a cultura da Bahia somente era representada pela região da Capital do estado e do Recôncavo. Sofremos anos, com os recursos que não chegavam até aqui: a cultura invisível destas bandas ribeirinhas! O recôncavo também é nosso! compõe o traço da diversidade do nosso estado. Mas a grande rede televisiva, propõe um recorte para mostrar o Velho Chico e propaga os mesmos valores hegemônicos que tanto nos invisibilizaram. E continuaremos assim, alheios, a margem, se não gritarmos que esse Velho Chico, não somos nós!

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