quinta-feira, 3 de abril de 2014




Foi numa visita ao "Museu da Loucura", em Barbacena - MG, em 2001, que tive a primeira aproximação com o universo dos portadores de transtornos mentais. A verdade por trás dos muros dos manicômios me incomodou absurdamente, com a visão dos objetos de tortura e de trapos humanos, que me olhavam como almas perdidas. Anos depois, o contato com o CAPS durante o período de estágio em Serviço Social me trouxe de volta essa angústia. Mas mesmo com a derrubada dos muros, pós reforma psiquiátrica, continuamos agindo como se eles existissem e continuamos preferindo os "loucos", amarrados e escondidos das nossas vistas. Como censurar as famílias, em estado de alerta para o próximo surto, se não lhes chega o preparo psicológico necessário para lidar com as suas fraquezas? como censurar quando, por diversas vezes, o benefício recebido pelo paciente é a única forma de prover o pão de cada dia do núcleo familiar ao qual pertence, impossibilitando-o de receber o tratamento necessário? e como transferir a responsabilidade apenas aos CAPS, com as suas diversas limitações na esfera dos municípios, como a ausência de profissionais qualificados, restrições orçamentárias e priorização na agenda das políticas públicas? Tenho profunda admiração por aqueles profissionais que ignoram tantos percalços e elegem a saúde mental como foco de atuação. Uma discussão que a coletividade prefere jogar embaixo do tapete. Citando o Livro da Tribo de 2013, "A julgar pelo aumento do uso de medicamentos antidepressivos e calmantes, estamos enlouquecendo mais a cada dia. E também estamos fingindo que a nossa loucura não existe".

P.S. Na foto, o pátio do Hospital Colônia de Barbacena, na década de 60, que já foi comparado a um campo nazista, pelo tratamento dispensado aos seus pacientes.

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