quinta-feira, 10 de abril de 2014

 Hoje me lembrei desse poema do meu Pai. Porque tolamente acreditamos que não somos responsáveis pelas misérias que nos rondam. A culpa é sempre do estado, da família, da sociedade, do sistema... E nós vamos crucificando os monstros que nós mesmos criamos, nesse universo onde o coletivo só existe, se nossos interesses particulares estiverem sendo defendidos. É aquela coisa, o sujeito está gritando por socorro ao meu lado, mas embora eu lamente, a dor não é minha. E vamos seguindo... doando roupas e brinquedos nas datas festivas, ligando pro Criança Esperança, colocando notas fiscais nas urnas das instituições de caridade e acreditando que assim, estamos nos eximindo das nossas próprias culpas...

O EXCLUIDO
 Menino descalço,
Choroso desprezado
De origem humilde
Faminto engraxado
Das praças da vida
Pisado, cuspido
Chutado, agredido
Que insiste em viver
Em nome de uma “tal esperança”
Criado pelo ópio
De uma perversa sociedade
Nascida de dominante
Classe exploradora
Que o mantém excluído
Com alegria e prazer.
                       (Orlando Ribeiro de Andrade)

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