domingo, 23 de março de 2014



O ano era 1979. O rio estava subindo muito e meu avô Minervino, passando uns dias conosco em Salvador, contava que as ilhas já estavam cobertas, quando na televisão, começam a noticiar que as águas, em Ibotirama, invadiram as casas da cidade. O meu avô, desesperado, volta imaginando como encontraria a minha avó Anália. Ali, na esquina da rua JJ Seabra, onde hoje ele tem um escritório, a sua Anália não estava mais, porque o rio São Francisco já tinha reclamado o seu espaço. Então, seu Miné saiu de porta em porta, perguntando por ela. Encontrou-a na casa de conhecidos, saíra as pressas, com a água na canela e o desejo que ele retornasse logo. Naquele tempo, eu era uma meninota e brincava dizendo que Ibotirama era uma ilha. E era... ficávamos ilhados, sem telefone, sem celular, sem internet, sem notícias velozes correndo trecho. E o melhor de tudo é que éramos felizes! Depois tudo isso chegou até nós e mesmo com os benefícios da era tecnológica, não ficamos mais felizes do que antes. Muitas vezes acho que continuamos agindo como se fôssemos uma ilha, tendo visões em círculos, olhando prá um mundo pequenininho, não ousando expandir os nossos limites, como se os obstáculos ainda fossem os mesmos daquele tempo...

(Na foto, a enchente...)

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