domingo, 30 de março de 2014


Enquanto cuida das minhas unhas, a moça vai me contando sua saga...De como a sua família chegou até aqui, trazida pela idéia de um novo Eldorado em Barreiras; do nascimento dos seus filhos e do risco corrido nas gestações. Eu, que fujo do burburinhos dos secadores, tinturas e comentários frívolos, me sinto melhor em estar ali no calor do seu lar, sem ter que opinar nas tendências da última moda. Aos poucos, vou me envolvendo com seu enredo. Em poucos minutos, fico sabendo que o que a motiva a continuar aqui é a distância entre o tempo da capital e o da pequena cidade, que correm de forma diferente. Me conta que prefere levar a sua vida de pouco luxo, mas de presença constante ao lado das três crianças e conclui para si mesma, que essa foi a melhor escolha, quando teve que decidir. Ao final do trabalho, vejo que está feliz. Acostumada ao converseiro das clientes, encontrou os meus ouvidos abertos para escutar a sua história. Saí de lá convencida de que preciso prestar mais atenção nessa infinidade de historias que estão prontas para serem contadas a minha volta e me lembrei de um poema antigo, que reproduzo aqui, mais uma vez....

SONHOS
O que sonha aquela moça de passos ligeiros
entoando hinos de igreja
como quem festeja?
eu aqui a olhar esse vilarejo
sonhando em viagens pelo mundo
no grau de doutor
e no preço do meu segundo!
olhando aquela velha na porta
o menino pulando corda
essa vida simples do interior.
A moça diz que sonha
com uma escada de filhos
um marido, muito íntegro
olhando as flores do quintal.
Quanta pretensão a minha
julgar maiores os meus planos
egoístas e mundanos
sem essa essência de quem sonha
apenas prá amar e ser feliz!
(Tâmara Rossene)


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