terça-feira, 1 de dezembro de 2015



          Olhamos a cidade do alto de um prédio. Uma menina e uma mulher admirando a paisagem de concreto. Embaixo, inúmeros arranha-céus coalhando o espaço. Neles o dia transcorre, sem que se sintam observadas, as formiguinhas humanas. Um porteiro olha a sua frente, esperando a rotina começar. Um casal de bermudas e havaianas, talvez de férias, compartilham impressões. No térreo, o zelador grita, faz gracejos, cria performances para chamar a atenção. Parece ter sonhado outro espaço para si.
          Aponto cada uma dessas imagens e vou mostrando a minha pequena aprendiz: o restaurante e a arrumação das mesas, o posto de gasolina e a fila indiana de carros coloridos, as repartições públicas com o seu entra e sai. Em cada lugar, uma engrenagem se move. Digo para a menina de olhos arregalados que são organismos vivos, de diferentes tamanhos, que movem a cidade. E sob seu rosto tranquilo e inquisidor, repito: A cidade somos nós compondo essas máquinas. Ela me olha e pergunta o que fazemos então ali paradas, sem funcionar. E saímos imaginando, que peças seremos nós!

P.S. Encontrei essa cena escrita num bloco esquecido. Eu e Mariana, em nossas descobertas... A foto foi tirada em Belo Horizonte, em 2001, na mesma época em que vivenciamos esses fatos.

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