quarta-feira, 11 de março de 2015



E depois de ler tantas mensagens pelo dia internacional da mulher, sem desconsiderar os motivos e a simbologia da data, eu me pego pensando na culpa que ainda recai sobre nossas cabeças. Porque apesar de nos permitirem esticar a jornada de trabalho para o mercado lá fora, ainda somos obrigadas a dobrá-la ou a triplicá-la. E quando o trabalho em casa se acumula e os pratos se empilham sobre a pia, a culpa é de quem? A culpa de todo dia, quando nossos filhos se machucam em casa, sem a nossa presença; quando sentem dificuldades na escola; quando vertem lágrimas com a nossa saída. E o engraçado é que o modelo idealizado do "provedor" do lar já caiu por terra há muito tempo, porque o sistema é cruel e as necessidades básicas de cada dia não se satisfazem, se também não formos a luta. E penso em tantas mulheres que arrastam os seus filhos com os olhinhos miúdos de sono, para estudar a noite, porque não ousam deixá-los em casa, com os seus companheiros. E em quantas de nós, apontando feito gatilhos os dedos em riste, para mostrar de quem é a culpa, quando aparece uma única falha. Nós, que conhecemos tão bem as nossas dores, mas que culpamos as outras, assim como a sociedade machista que nos formou...Nós, que ainda não aprendemos a sermos solidárias e a nos irmanarmos.
Por isso, decidi ilustrar esse momento com uma foto de minha mãe, na década de 80, concluindo o curso de Pedagogia na primeira turma da UNEB, em Salvador. Dividia o seu tempo entre as 40 horas no estado, os estudos e nós, seus filhos. Me provou numa época muito mais difícil do que a nossa, que nós mulheres, podemos falhar tanto quanto os homens, porque a mesma matéria nos constituiu. E nos criou assim, sem fugir a luta e aos dedos apontados. Sem se intimidar, seguindo os caminhos que ela mesma escolheu...

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