quinta-feira, 21 de abril de 2011

Ontem e hoje...

Cresci ouvindo falar sobre a lenda da mulher de sete metros, que aparecia na calada da noite, nas proximidades do antigo Hotel São Pedro, encostada num poste de iluminação pública. Minha mãe me contava em detalhes, que certa vez minhas tias foram visitá-la em nossa casa, que ficava na Avenida J.K., logo após a escola Centro da Esperança (que na época não existia). Havia apenas dois vizinhos distantes e o Colégio Cenecista a frente. Segundo ela, havia acabado de anoitecer e chovia muito. De repente as minhas tias chegaram ensopadas, apavoradas, como quem acabara de ver fantasma. Disseram que a tal mulher olhava calmamente para elas, que saíram em disparada, largando a sombrinha e as capas de chuva. Essa e tantas outras lendas tinham para mim um grande encantamento. Mas lamentavelmente foram sumindo junto com outros hábitos que habitavam a Ibotirama de outros tempos! As pessoas sentadas às portas, os violões ao entardecer no cais, as cantigas de roda, a participação popular nos festivais de música...Sabe uma coisa que sinto falta? dos casamentos na Igreja Nossa Senhora da Guia, com foguetes estourando por toda a parte ao som das salvas e vivas aos noivos (hoje a tal etiqueta não permite). Globalizamos demais os costumes, abandonamos rituais nossos de cada dia, genuinamente ribeirinhos, substituindo-os por costumezinhos piegas que circulam na rede e nos canais. Para mim, estamos perdendo o calor dos nossos ritos! Os ternos de reis zanzando pela rua primeiro de janeiro, pela JJ Seabra, pelas casas...as novenas com seus licorzinhos, as gincanas... Assistimos as mesmas novelas, ouvimos as mesmas músicas, nos vestimos do mesmo jeito, que milhares...Numa necessidade de pertencimento, que nos distancia do único mundo verdadeiramente nosso...

Um comentário:

  1. Uma tia sua perdeu a sandália por causa da mulher de sete metros...eu jurava que tinha sido próximo a onde era o Bradesco (perto da praça da bandeira), acho que vó não contou o lugar correto para eu e Rhassan não ficarmos com medo!rsrs
    Bom mesmo era quando a JJ Seabra era o centro comercial, várias lojas deslumbrantes, destaque para a Loja de Carlos, a mercearia na esquina dos Guanais onde minha vó comprava que feijão no quilo e fumo de rolo...kkkk..a feira o momento mais esperado e a usina e a praça os lugares mais badalados...muito nostálgico isso...ou ainda quando a meia noite as cadeiras do cenecista começavam a ser arrastadas, cruz credo!!

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