sábado, 26 de novembro de 2022

 A moça me contou essa estória com um sorriso maroto parando nos lábios...

Um rapaz passava todos os dias em sua porta lhe prometendo viagens para a capital. Ela o ignorava. Tempos mais tarde soube que ele sempre ia a capital para tratamento de um problema mental. Mas nunca demonstrara qualquer sentimento por ele,embora distribuísse sorrisos todas as vezes em que o via, porque o achava engraçado.

Fato é que num certo dia viu o rapaz aos cochichos com o seu sobrinho de oito anos. Alguns dias mais tarde,  o garoto entrou em casa agarrado a  um saco de salgadinhos e um refrigerante, cabeça baixa. Ela pediu a ele: me dá um pouco? me dá um gole? 

O  garoto aumentou o passo, abaixou mais ainda a cabeça e disse um -eu não posso, quase sem que a voz saísse direito. Depois falou baixinho: eu não posso, porque eu vendi a Senhora. Como é o negócio, menino?

O garoto nervoso explicou, apontando o tal sujeito: Por causa que ele disse: ajeita sua tia prá mim que eu te dou um negócio. Eu disse a ele, então me dá o negócio primeiro.

O menino suspirou e mostrou então o salgadinho e o refrigerante nas mãos.

Só aí a história ficou esclarecida para a moça. Que passou a pensar sorridente, no quanto valia para aquela criança, a quem devotava tanto amor.  A essa altura, já não valia mais nada, pois o garoto já acabara com o fruto da negociação.  

Quando a moça me contou esse caso e me apresentou o menino, a minha curiosidade fez com que eu perguntasse a ele, porque vendera a tia. O garoto se apressou a responder que estava com fome.

Sim, meus caros, porque aa crianças não tem fome apenas da comida que lhe chega a mesa, mas de tudo aquilo que as vezes não tem acesso e sentem vontade. Como certos brinquedos, certas guloseimas. E porque não, salgadinho e refrigerante. Mesmo que para isso, tenham que vender a própria tia.

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