quinta-feira, 4 de junho de 2015

Considero importante um dia, uma semana, um mês, uma data, para reverenciar o rio São Francisco. Até porque independente da água como bem necessário a nossa sobrevivência, há toda uma simbologia em torno do rio para nós, que nos originou enquanto comunidade ribeirinha que somos. O Velho Chico, durante anos foi nossa veia comercial, trafegando vidas e produtos, ampliando nossos domínios, nos constituindo enquanto cidades. Mas enquanto as causas não forem tratadas, as consequências serão apenas discursos vazios. Cinco estados cortados, 521 cidades banhadas, mas as reverências ao Santo Chico devem estar devidamente escritas nas agendas das políticas públicas desses lugares por onde passa... Precisamos sair desse cenário poético que certamente é a sua paisagem, para o cenário da legitimação do que pregamos a cada ano. Do saudosismo do que ele já foi, para a garantia de que ele ainda existirá no futuro.
Minha homenagem ao São Francisco, com uma poesia do meu saudoso pai, Orlando Ribeiro de Andrade...
RIO SÃO FRANCISCO
Rio que passa, manso e tranqüilo,
Como a vida transcorre
Na vila bem próxima.
É parte daqueles que cruzam suas águas
Todos os dias,
Em busca de outras barrancas
Procurando alimentos, cargas,
Lenha para transportar,
De férteis terras, para o plantio;
Rio arrojado
Que vem de outras plagas
Trazendo esperanças,
Trazendo tristezas.
Às vezes, a morte boiando
Sobre as águas barrentas,
Do tempo de cheias.
Rio imprevisível, que arrasta bonança
No húmus fertilizante
E no peixe que fervilha.
Sangue indomável
Do sofrido barranqueiro
Que espera calmamente
Em cada novo ano
Uma vida diferente, que nunca vem...
Rio andante, de esperanças sofridas
Alegria, tristeza, desejo, alimento,
Apego, poema, canto,
Sonho, ternura
Crença, sangue
HISTORIA....
Do barranqueiro
A própria
- VIDA!...

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