Diário do avc - parte II
Eu sempre fui ansiosa. Uma pressa. Uma agitação. Um desejo de fazer correr o tempo. Tio Bé dizia sempre: - ô, menina agoniada! Quando criança, a pressa em falar era tão grande, que eu gaguejava. Eu mal respirava. Na adolescência, eu segui querendo tudo num estalar de dedos. E fui me tornando mulher, numa correria desenfreada. Estudei. Trabalhei. Pari. Cozinhei. Me exercitei. Amei. Fazendo tudo desembestadamente. Hoje penso que o avc, que prá mim foi o caos, veio dizer: - Minha filha, relaxa! Eu que gosto tanto de natureza, de poesia, de música. Pouco parei para contemplar. E prá amar a mim mesma. E não foi por falta de tempo. Nem de oportunidades. Foi pela pressa de existir...
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